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Narciso e Eco

"Uma ninfa bela e graciosa tão jovem quanto Narciso,chamada Eco e que amava o rapaz em vão. A beleza de Narciso era tão incomparável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própriabeleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso. “




23 de maio de 2010

A busca de si nos outros


 
As escolhas feitas nos relacionamentos muitas vezes nos remetem a fases do desenvolvimento infantil. A busca que fazemos de reconhecimento em todos os níveis, tanto na vida profissional como na vida pessoal, traz consigo resquícios de vivências narcísicas. São sempre reverências ao narcisismo constitutivo da nossa personalidade, tanto no fracasso como no sucesso.

O mundo atual incentiva núcleos narcisistas. Por imposição da cultura contemporânea, tendemos a nos fechar muito em nossos mundos ou dentro de nós mesmos. Isso é uma fuga e tende a gerar um enclausuramento no narcisismo. Só que este enclausuramento não consegue se manter, gerando relações de objetos narcísicas.
Como no mito de Narciso, o indivíduo acredita que ele e o mundo são partes indissociáveis e que o mundo é capaz de suprir e realizar todos os seus desejos. Narciso sente-se completo consigo mesmo e apenas ao ver a sua imagem no rio pode perceber que há uma divisão e uma incompletude. Essa percepção resultou na sua morte.

Porém, todas as pessoas possuem em sua personalidade uma porção narcisista, como conceituado psicanaliticamente. Que muitas vezes aparece nas nossas paixões.
Narcisista é considerado aquele que quer tudo para si para viver a plenitude. Tem como objeto de desejo um objeto móvel, porém o mais próximo de seu ego ou de seu ego ideal. Nos momentos de dificuldade, ele recorre a si mesmo.

Nas nossas relações podemos ficar precisando do outro de forma integral e vendo o outro como uma forma idealizada de fusão, e responsabilizamos o outro por suprir todas as nossas necessidades, expectativas e desejos - querendo tomá-lo como parte de nós. O apaixonado busca no outro ele mesmo, seu ego (um objeto móvel) que, idealizadamente, está introjetado no outro. Há uma interdependência ou até mesmo uma dependência total. Espera-se do outro tudo e crê que ele seja o outro e o outro seja parte dele: busca um estado de completude.
Quando apaixonados, se sofremos a ameaça de que o outro possa nos abandonar, podemos passar por estados de depressão, de pensamento destrutivo, de desespero e até mesmo de sensação de morte, por não suportarmos a dor de perder a nós mesmos. No outro, procuramos encontrar nossa continência, nossas realizações, nossos desejos supridos. Algo que tenhamos sido, somos ou gostaríamos de ser. A perfeição.

Mas somos humanos, lembram? A perfeição não é encontrada... nenhum ser humano encaixa nesse papel, nem é capaz de suprir tantas necessidades, embora muitas vezes tentem! A decepção é inevitável.
Alguns de nós acusamos impiedosamente o outro por não ser perfeito e por não suprir nossas necessidades.Alguns de nós definhamos como Eco, ante a decepção ou o abandono. Alguns de nós fugimos quando os sentimentos ficam fortes, por medo da fusão, por não sabermos nos relacionar sem a fusão ou na expectativa dela... e por experiências anteriores sabemos como isso dói. São dois pólos do mesmo mito.
É nos relacionamentos que nos colocamos à prova, quem somos agora, o que já evoluímos.

Copiado do Blog: http://humanidades-e-afins.blogspot.com/

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