Imagens Para Orkut

Narciso e Eco

"Uma ninfa bela e graciosa tão jovem quanto Narciso,chamada Eco e que amava o rapaz em vão. A beleza de Narciso era tão incomparável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própriabeleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso. “




19 de novembro de 2011

Complexo de Édipo por Cláudia Bonfim




Cláudia Bonfim Educação e Sexualidade.

30 de outubro de 2011

A vaidade e suas armadilhas

A VAIDADE E SUAS ARMADILHAS





Por Fernando Martins




Vivemos tempos de culto às celebridades instantâneas e aos ídolos forjados pela mídia e não pela qualidade do que fazem. Isto gera um espelhamento perigoso, pois assim como estes são superficiais, supérfluos e efêmeros, muitos destes fãs podem começar a ter um comportamento que irá gerar nada além de futilidades.
O prazer estampado no rosto destes personagens apresenta um prazer que queremos para nós e daí a tornarmo-nos personagens de nós mesmos é um passo.
O interessante que permeando este comportamento que muitos estudos estão tratando como patológico, existe o sentido distorcido de uma pretensa liberdade que na verdade é prisão - aprisionando a pessoa à modismos, comportamentos iguais, gostos massificados.
As novas gerações tão paparicadas por uma geração anterior que no afã de dar seu melhor acreditando em ideologias libertárias e alternativas de vida, está na verdade caindo em um vazio existencial que vem gerando doenças da modernidade, desde as patologias do corpo, como bulimia, anorexia e vigorexia até doenças da alma como depressão.
Tudo em pró de estar se expondo e se comportando como ditado pelos novos tempos que só visa um objetivo: mercado consumidor de bobagens descartáveis.
Creio que está na hora da chamada Geração Eu começar a pensar em ser a Geração Eu Mesmo e começar a viver seus reais anseios e ouvir o que vai por dentro de si e não, o que vem de fora embalado em brilhoso papel massageando os vaidosos egos.





Fonte: http://www.stum.com.br/clube/artigos.asp?id=28344



26 de outubro de 2010

Narcisistas os mestres da negação




 "Narcisistas: os mestres da negação"

 Jeffrey Kluger, Revista Time







Meu professor de Transpsicanálise, André Keppe, costuma dizer que esse momento, digamos, "cultural" da história ocidental pode vir a ser classificado, no futuro, como "período neo-narcisista". Eu acrescentaria um "pós-hedonista". Vivemos um grande "neo-narcisismo pós-hedonista".




O antigo culto ao corpo implicava, pelo menos, melhorar o que se tem. Agora, o próprio corpo tornou-se um produto a ser adquirido - cabelos, seios, cinturas - para ingressarmos no mercado do "amor". Nele, bons investidores conseguem adoração, independência financeira ou substituto de auto-estima até a próxima estação de neo-prostituição. Se o amor é mercado, preciso ser bem de consumo, moeda de troca, e a embalagem é fundamental.
Fico imaginando como serão os cemitérios do futuro. Precisarão ter caixinhas de restos mortais maiores, para acomodar as bolsinhas de silicone da bunda e peitos da titia que "desencascou".
Ainda bem que silicone é inflamável: Com um pouco de fogos de artifício, poderemos vir a ter rituais pirotécnicos nas futuras cremações. Mas isso se houver família para administrar restos mortais.
No pós-hedonismo da geração que ligou o dito "botão de foda-se", os filhos (mal) criados sem limites tornam-se pequenos ditadores domésticos. Educamos, se é que se pode usar esta palavra, um exército de psicopatas, crescendo em um país em crise, voltados para o próprio seio. Ou para o próprio umbigo, já que "seus" seios são artificiais.
Pensando bem, esta geração do "cada um com seus problemas" não terá senso comunitário suficiente para cuidar de "restos", ainda que mortais... Como ativista do Greenpeace, sou obrigado a alertar: do jeito que vai o meio ambiente, a campanha da fraternidade de 2050 pode ser: "recicle o silicone de sua avó".
E tome malhação. E tatuagens excessivas, afinal tudo que não queremos é mostrar a própria "pele". Nada mais simbólico do enchê-la também de furos: A motivação inconsciente do modismo dos piercings me faz lembrar dos pacientes de relatos clássicos da psicanálise, que retalhavam a pele como forma de deixar "alguém preso" sair - aliviando assim sua angústia pessoal. Estariamos fazendo o mesmo, coletivamente, com nossa angústia existencial?
Hoje, é preciso construir outra persona, ilusória. Tatuagens e plásticas são bem vindas, em cima de músculos forçadamente adquiridos em sessões excessivas de academia, não raro diárias. Combinações perfeitas para os silicones e anabolizantes dos que consomem, narcisisticamente, sua inclusão no novo mundo do prazer.
Há também os aditivos do prazer: Em um mundo hedonista que não perdoa falhas, as drogas de maior faturamento no planeta são os anti-depressivos... e auxiliares da ereção!!! Seguidas pelo Ectasy, no mundo ilegal. Coincidência?
Enquanto isso, nas "comunidades" de redes de relacionamento virtual, uma série de sintomas patológicos, intolerâncias e extremismos são assumidos como se fossem características da personalidade. Para quê meio-termo em um mundo de exageros? O importante é "ter atitude", muitas vezes um eufemismo para comportamentos maníacos - alguns deles, bipolares, graças ao Prozac "receitado" por ginecologistas ou clínicos gerais após extenso "exame psicológico" de 15 minutos.
Se alguém estiver triste ou reflexivo, "conserta-se". Não se questiona a sociedade, adapta-se a ela. Terapias instantâneas alienantes proliferam-se, em lugar da análise. Não há tempo a perder, mudando o comportamento já está bom. Se algo der errado adiante, o paciente siliconado que "consuma" a terapia outra vez.
Jung, que faleceu em 1961, previa estarmos criando uma sociedade patológica, onde o excesso do consciente / material / aparente sobre o inconsciente (integrado) / espiritual / subjetivo reproduziria a própria estrutura da neurose, a ponto de perdemos a coincidência dos limites entre saudável e normal. E hoje, alternando entre neuroses e psicoses, evoluímos para uma sociedade... "borderline".
Neste cenário, para quê se comprometer, atravessar dificuldades ou perdoar? Vamos "ficar", que a fila anda. Se não for divertido, não fazemos mais. "Amor" descartável, comprado pela aparência, voltado ao prazer.
A questão é que o narcisismo individual favorece o comportamento egocêntrico, descontinuidade afetiva e instabilidade emocional. Tornando-se um modelo coletivo de "normalidade", bem como um diferencial de inclusão afetivo social, construiu uma sociedade de "cada um por si", relacionamentos descartáveis, aqui-agora, perdas constantes, onde não há "culpa" (leia-se: responsabilidade) sobre o que se prometia - ou exigia.
A mídia molda o indivíduo, refletido coletiva e patologicamente na "sociedade", e esta não precisa mais da parte para se perpetuar. Não é apenas um silicone ou academia: estes são realimentação de algo maior anterior.
Neo-narcisismo pós-hedonista. Viva o corpo e o prazer, pra ver se isso aplaca, no que "estou", a angústia do que não consigo "ser".

Imagem é tudo. A fila anda. Tudo pelo prazer. Vamos à academia trabalhar anabolizantes e silicones, perseguindo um "modelo" distante da saudável exequibilidade, salvo consumo adicional. Precisamos estar bem para mostrarmos nossa nova pele tatuada e furada, ferida na alma, para o amor descartável que temos que conquistar hoje... antes de deixarmos amanhã, na primeira dificuldade ou novo prazer, assim que a "fila andar".


Lázaro Freire


                    

Jeffrey Kluger
Revista Time
O psicólogo Lawrence Josephs sabe dizer de imediato quais os pacientes que, mais provavelmente, o despedirão. Os narcisistas podem ser os piores e só chegam a um terapeuta porque seus cônjuges não param de cobrar mais interesse no casamento e porque as pessoas no trabalho não parecem lhes dar o crédito ou a atenção que merecem. Freqüentemente,  ficam apenas o tempo suficiente para decidir que o que realmente precisam é deixar o casamento e trocar de emprego. Depois disso, abandonam a terapia.
"Eles vêm por coerção", disse Josephs, professor de Psicologia da Universidade Adelphi em Garden City, Nova York. "Mas não se comprometem. O que realmente querem é que tudo saia de acordo com suas vontades".
Se serve de conforto para Josephs, ele não é o único a ter tais problemas para lidar com narcisistas, e não são apenas os narcisistas que dão aos terapeutas tais problemas. O narcisismo é apenas uma de 10 condições que se enquadram no diagnóstico de transtornos de personalidade, e segundo a maioria dos relatos, os narcisistas estão entre as nozes mais difíceis dos psicólogos quebrarem. Terapia de conversação geralmente não os sensibiliza; terapia com medicamentos funciona igualmente pouco. Os pesquisadores sabem o motivo.
Condições mentais comuns, como transtornos de ansiedade, desordens alimentares e depressão, podem ser pensadas como uma casca patológica em torno de um núcleo intacto. Descascar a pele por meio de terapia de conversação ou seu derretimento por meio de medicamentos pode eliminar o problema. Mas os transtornos de personalidade, por outro lado, estão marmorizados por todo o temperamento. Os narcisistas podem ser concentrados em si mesmos, mas eles acreditam que têm o direito de ser assim. Personalidades histriônicas podem exagerar as coisas, mas de que outra forma seriam ouvidas? Já é difícil o bastante persuadir a maioria das pessoas a procurar um terapeuta, e é ainda mais difícil quando o paciente nega que há um problema. "Raramente chega uma pessoa com consciência de que tem um transtorno de personalidade", disse Josephs. "Os amigos e a família são os que os pressionam a procurar ajuda".
Atualmente há mais motivos do que nunca para pressioná-los. À medida que as famílias ficam cada vez mais fragmentadas e crescem as pressões sociais, os especialistas dizem que estão vendo mais casos de transtornos de personalidade do que nunca. Estima-se que até 9% da população sofra de algum tipo de transtorno de personalidade, e até 20% de todas as hospitalizações por problemas de saúde mental podem resultar de tais condições.
Os epidemiologistas não fizeram um bom trabalho em comparar estes números com os de anos anteriores, mas muitos médicos relatam - por observação casual - que estão aumentando os casos que estão tratando de transtornos de personalidade. "Os mais severos estão aumentando", disse Josephs, "especialmente entre pessoas que cresceram em lares com problemas de divórcio, drogas ou álcool".
Desta forma, cada vez mais pesquisadores estão à procura de novas formas para tratar tais condições explorando tanto as raízes genéticas quanto ambientais, buscando tanto curas químicas quanto terapêuticas. E é bom que estejam. "Os custos sociais de desordens de personalidade são imensos", disse o dr. John Gunderson diretor do Serviço de Transtornos de Personalidade do Hospital McLean, em Belmont, Massachusetts. "Estas pessoas estão envolvidas em muitos males da sociedade -divórcio, abuso infantil, violência. O problema é tremendo".
Apesar das soluções serem esquivas, o arco patológico dos transtornos de personalidade é previsível. Eles tendem a aparecer depois dos 18 anos, atingindo igualmente homens e mulheres -apesar do gênero poder influenciar qual dos 10 transtornos uma pessoa desenvolverá. Os transtornos são agrupados em três subcategorias, e destas, o chamado grupo dramático -os transtornos fronteiriço, anti-social, histriônico e narcisista- é o mais conhecido. Mas são os fronteiriços que causam aos médicos -sem dizer às famílias- as maiores dores de cabeça.
As pessoas com transtorno de personalidade fronteiriço formam relacionamentos cada vez mais voláteis, oscilando entre a idealização da família e dos amigos e o desprezo deles como sem valor ou odiosos. São pessoas que temem ser abandonadas, mas reagem tão selvagemente quando um ente querido as desaponta que o abandono é freqüentemente o que conseguem. Ao serem levadas à terapia, a mesma dinâmica se desenvolve lá. "Em um determinado momento você é o amigo mais íntimo, e duas semanas depois, você é o inimigo", disse Norman Clemens, professor de Psicologia da Universidade da Reserva Case Western em Cleveland.
As personalidades histriônicas e narcisistas usam o drama ou a concentração em si mesmas basicamente da mesma forma -para afastar a família e irritar os terapeutas. Pessoas com personalidades anti-sociais elevam as apostas, exibindo agressividade, falta de consciência e indiferença à lei, geralmente misturando comportamento criminoso em sua patologia.
Menos dramático, mas igualmente teimoso, é o grupo ansioso, que inclui a personalidade dependente, a socialmente tímida personalidade esquiva e a rígida e cheia de regras personalidade obsessivo-compulsiva (um diagnóstico totalmente diferente de desordem obsessivo-compulsiva, um problema de ansiedade). O terceiro grupo -chamado de grupo esquisito ou excêntrico- inclui as personalidades paranóide, esquizotípica e esquizóide. Paranóide é exatamente o que o nome diz. Os esquizotípicos e os esquizóides apresentam problemas para formação de relacionamentos e interpretação das dicas sociais; os esquizotípicos também podem sofrer ilusões. "Os esquizóides são lobos solitários", disse Clemens. "Os esquizotípicos caminham no limite da verdadeira esquizofrenia".
Antes que os cientistas possam imaginar como tratar estas condições,  precisam determinar o que há por trás delas. Poucos pesquisadores duvidam que quando os transtornos estão tão entrelaçadas no temperamento, parte do que os causa está escrito nos genes. Um estudo norueguês, publicado em 2000, examinou gêmeos idênticos e fraternos e descobriu que pares idênticos -com suas plantas genéticas idênticas- apresentavam maior probabilidade de compartilhar transtornos de personalidade do que pares não idênticos. A personalidade fronteiriça apresentou um nível de hereditariedade de 69%. Isto confirma as observações de campo dos médicos, que perceberam taxas maiores de transtornos entre os descendentes de pessoas com transtornos de personalidade. "Quase certamente há múltiplos genes envolvidos na predisposição das pessoas aos transtornos de personalidade", disse Gunderson.
Mas genes não são tudo. Terapeutas que trabalham com narcisistas geralmente descobrem abuso na infância ou algum outro trauma que leva à baixa auto-estima ou ao ódio-próprio -exatamente o tipo de buraco emocional que a grandiosidade patológica busca preencher. O transtorno de personalidade fronteiriço afeta mais mulheres do que homens, e algumas pesquisas mostraram que até 70% das mulheres fronteiriças sofreram abuso físico ou sexual em certa altura de suas vidas. É difícil atribuir tais maus tratos aos genes. O transtorno bipolar ou dificuldades de aprendizado quando são lidadas de forma indevida também podem evoluir em transtornos de personalidade. O dr. Larry Siever, professor de Psiquiatria da Escola de Medicina Mount Sinai em Nova York, acredita que parte do aumento dos transtornos de personalidade pode estar vinculada à perda dos grupos naturais de apoio, à medida que os indivíduos, em uma cultura cada vez mais móvel, migram cada vez mais para mais longe de casa. "No passado", disse ele, "nós vivíamos perto de nossas famílias estendidas em comunidades altamente estruturadas. As pessoas podiam cuidar dos seus e refreá-los".
Sejam quais forem as raízes específicas das condições, assim que estes dados ambientais e genéticos são lançados, o resultado já está consumado para a pessoa com transtorno de personalidade? Resumindo, a resposta triste é:  freqüentemente sim -pelo menos enquanto os pacientes com transtorno de personalidade resistirem ao reconhecimento do problema. Transtornos de ansiedade como fobias geralmente são tratadas como males ego-distônicos: o doente reconhece o problema e deseja fazer algo a respeito. Desordens de personalidade são ego-sintônicas: os indivíduos acreditam que o drama, a concentração em si mesmos e outras características que marcam sua condição são respostas razoáveis para a forma como o mundo os trata. Este é um paciente difícil de curar, mas há esperança, e parte dela começa no laboratório farmacêutico.
Os pesquisadores estão descobrindo que antipsicóticos podem ajudar a minimizar os sintomas paranóides, esquizóides e esquizotípicos. Uma variedade de medicamentos -incluindo estabilizadores de humor, como lítio e Depakote; anticonvulsivos como Tegretol; e inibidores de recaptura de serotonina (SSRIs)- podem ajudar a controlar o elemento impulsivo dos transtornos dramáticos. E apesar de medicamentos antidepressivos e antiansiedade fazerem pouco para corrigir algo tão básico como a personalidade, os médicos descobriram que se prescreverem medicamentos para aliviar o estresse resultante de viver uma vida com tamanha desordem, alguns pacientes são motivados a buscar o trabalho mais árduo da terapia de conversação. Para aqueles que o fazem, as opções estão aumentando. A terapia analítica, que explora traumas passados, pode revelar os conflitos enraizados profundamente por trás das condições.
Resultados mais imediatos podem ser obtidos por meio de terapia cognitiva e comportamental, que ensina alterações de comportamento. Um novo tratamento conhecido como terapia de comportamento dialético, desenvolvido pela psicóloga clínica Marsha Linehan, da Universidade de Washington, pode ensinar aos pacientes fronteiriços a reconhecer situações que provocam sentimentos explosivos, os ajudando a conter uma reação antes que ela irrompa. "A primeira coisa que ensinamos é a assumir o controle do comportamento", disse Linehan. "Depois disso, nós trabalhamos em como se sentir melhor".
Quando os pacientes se comprometem com algum tipo de terapia, até mesmo os médicos ficam surpresos. Um estudo conduzido por Gunderson e colegas de Harvard, Yale, Colúmbia e Brown investigou pacientes fronteiriços, esquivos, obsessivo-compulsivos e esquizotípicos e descobriu que, após dois anos de tratamentos, incluindo medicação, psicoterapia, terapia de comportamento dialético ou terapia de grupo ou familiar, eles apresentaram uma melhora de 40%. "Isto é uma grande notícia", disse Gunderson. "Ninguém imaginava que conseguiríamos algo melhor que 15%".
Mas 40% ainda deixa 60% de sofredores, e os pesquisadores esperam conseguir pender a balança para o outro lado. No Mount Sinai, Siever está investigando ainda mais profundamente o que torna as pessoas neurologicamente suscetíveis aos transtornos de personalidade, estudando a estrutura e a função do próprio cérebro, visando determinar que áreas falham no curso das desordens assim como o papel de neurotransmissores como serotonina e dopamina. Outros estão estudando causas possíveis como níveis elevados de hormônios de estresse no útero e até má nutrição durante o desenvolvimento do cérebro. A compreensão da bioquímica deverá facilitar o desenvolvimento de medicamentos. Até lá, caberá principalmente aos pacientes negar a mentira que a desordem diz - que não há nada realmente errado com eles - e realizar o compromisso terapêutico necessário para consertar as coisas. "Ninguém muda totalmente", disse Josephs. "Mas qualquer um pode se tornar mais flexível e resistente. Qualquer um pode fazer progressos". Isto por si só já é um prognóstico melhor do que a maioria dos pacientes já teve.

O narcisismo é da ordem do imaginário,





O narcisismo é da ordem do imaginário, do sem limites. O conceito de narcisismo introduzido por Freud tem uma conseqüência profunda: uma série de conceitos, tais como ego, defesa do ego, ideal do ego, “agente crítico observador”, etc., serão colocados em gravitação em torno da questão de narcisismo.O narcisismo primário é um processo normal, necessário, que ocorre num determinado momento do curso regular do desenvolvimento libidinal. Esse momento é situado por Freud entre o auto-erotismo e o amor objetal. Somente quando o ego se desenvolve, o indivíduo se torna narcisista. Esta primeira manifestação do narcisismo – denominada de narcisismo primário – é abandonada quando a criança, na impossibilidade de manter-se como seu próprio objeto de amor, volta-se finalmente, para um objeto exterior, desenvolvendo o que se chama de amor objetal.
Compreende-se então, que o narcisismo primário esteja em oposição ao amor objetal, pois somente quando ele termina o sujeito encontra-se em posição de fazer escolhas objetais. Dessa maneira, a superação do narcisismo primário coincide com a realização do desenvolvimento psícossexual. Entretanto, mesmo após uma escolha objetal ter sido feita, o indivíduo pode retornar a um estado narcisista. Esta volta acidental ao narcisismo original, num momento da vida em que se suporia estar ele definitivamente abandonado, foi denominado narcisismo secundário. O estudo do narcisismo secundário e suas produções patalógicas correlatas levou Freud a examinar, de maneira mais precisa, mecanismo da escolha objetal. Ele distingue, então, dois tipos de escolha – anaclítica e a narcisista.
Para Freud, o amor objetal de tipo narcisista é mais característico do sexo feminino. O narcisismo, manifestando-se poderosamente, inflexiona a escolha objetal em direção ao tipo narcisista. Em síntese, o tipo narcisista procura no outro sua própria imagem, ao passo que o tipo anaclítico procura um parceiro do tipo narcisista que o faz gozar de um narcisismo a que ele mesmo já renunciou.


Fonte: http://taniart.wordpress.com/2009/01/11/narcisismo/

Narcisismo e Autoestima


Este artigo foi escrito por:


Dra. Thais Oliveira


“Ela olha para ela em vez de olhar para ti, e por isso não te conhece.Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.” (diz o príncipe Korasoff a Julien Sorel, sobre a sua amada (em “O Vermelho e o Negro”, de Stendhal, sec. XVIII-XIX).


O quadro mais conhecido de Narciso, figura mitológica grega que simboliza o homem belo, apaixonado pela sua própria beleza, é da autoria de Caravaggio, pintor italiano do sec. XVI. Nele, Narciso é visto debruçado sobre um lago de águas cristalinas, capaz de refletir sua imagem com a precisão de um espelho de cristal.


O mito fala que tendo sido consultado por sua mãe, Liríope, sobre o destino da formosa criança que dera à luz, Tirésias, o cego adivinho, lhe disse que “ele viveria muitos anos se não viesse a se conhecer”. Insensível ao amor das ninfas, Narciso não correspondia ao amor de Eco, que por não poder falar e declarar sua paixão, o seguia por todos os lugares para onde ia. Irritado, Narciso desprezou-a rudemente, o que levou Eco a definhar de tristeza até a morte. Enraivecidas, as ninfas pediram à deusa da Justiça que castigasse o belo jovem. Narciso deparou-se, então, com uma lagoa capaz de refletir sua deslumbrante figura e cumpriu-se a previsão do oráculo: Ao ver-se, apaixonou-se por si mesmo, embevecido que ficou com a própria imagem, e ali permaneceu, contemplando-se, até definhar e morrer. Ao procurarem o rapaz, encontraram apenas uma singela violeta debruçada sobre o lago.


A partir dessa pequena narrativa, (uma das diversas versões sobre Narciso) podemos fazer uma ligação entre as pessoas narcisistas e Narciso. Ele acredita que nada existe de bom à sua volta, a não ser sua própria imagem refletida. Da mesma maneira que Narciso acreditava não precisar de ninguém, as pessoas parecidas com ele só conseguem enamorar-se de si mesmas e dos que consideram iguais a si mesmos: no caso de Narciso, ele próprio, refletido na lagoa especular. Caetano Veloso se inspirou nesse mito para compor SAMPA, onde fala de seu mal-estar ao chegar à cidade de São Paulo, tão diferente da sua, baiana: “Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto... Chamei de mau gosto o que vi de mau gosto o mau gosto...É que Narciso acha feio o que não é espelho (...)”


Os narcisistas são enredados em situações errôneas, que consistem em “amar” pessoas perfeitas como eles ou passíveis de se transformarem neles, como reflexo de suas “inumeráveis” qualidades: escolhem os que demonstram extrema admiração por eles, os que lhes parecem pessoas sem uma identidade bem definida (que mais parecem coisas que pessoas), que não hesitam em se deixar influenciar pelo sujeito narcísico, passando a funcionar como um mero reflexo do outro, uma mera cópia, onde ficam anuladas as diferenças, insuportáveis ao orgulho dos narcísicos.


Na prática, são pessoas que tendem a desprezar as outras, vistas como menos aquinhoadas, como desnecessárias em sua vida e facilmente substituíveis (como se fossem objetos). O narcisista é capaz de limpar sua casa não por amor à limpeza, mas para torná-la merecedora de abrigá-lo! É capaz de ser um ativista político para livrar o mundo (ou sua cidade) da doença e da pobreza e suas conseqüências, para criar um mundo tão maravilhoso como ele se imagina ser. Para o homem ou para a mulher narcisista o companheiro deve ser belo: um espelho do que ele é. Há narcisistas que não são sequer bonitos. Estes, muitas vezes, são os mais exigentes em matéria de beleza, esperando ser adorados por possuírem um belo pênis, por exemplo,que eles acreditam apagar a feiúra de uma grande barriga, que ignoram, quando a possuem. Estendem o poder e a beleza que atribuem ao pênis a toda a sua imagem corporal e esperam que as mulheres se sintam encantadas diante deles.


Mulheres que se envolvem com homens narcisistas têm dificuldade em entendê-los. Ao mesmo tempo em que eles sentem necessidade de reconhecimento, atenção e carinho, costumam se transformar em pessoas raivosas e irritadas quando percebem que necessitam daquilo que estão recebendo. Este fato comprova o que não admitem: não são completos, não se bastam. Precisar do parceiro (a dependência normal entre pessoas que se amam) lhes parece insuportável. Esse tipo de homem prefere que o papel de “necessitar do outro” caiba à mulher ou ao “comum dos mortais”, grupo no qual não se enquadra,e lança mão de vários artifícios, muitas vezes de forma inconsciente, para que a mulher termine por ocupar a posição de “inferioridade”, que seria a de precisar dos outros, e que ele detesta. Muitas vezes, porém, é o homem a vítima da mulher narcísica.


Não é raro receber, no ParPerfeito, e-mails de mulheres que se queixam de parceiros encantadores nos primeiros contatos e que, de repente, tornam-se frios, inacessíveis, chegando a desaparecer sem dar satisfação. As mulheres vivenciam a falta deles de forma aguda, e perguntam-se o que podem “ter feito de errado”(sentimento de culpa).Poderia se dizer que o narcisista sente desprezo ou/e raiva de quem o decepciona não sendo perfeito (como ele pensa ser). Na verdade, o narcisismo é uma compensação por sentimentos de baixíssima autoestima e, embora comum, beira o patológico. O narcisista é capaz de produzir em quem se envolve amorosamente com ele e o frustra - não correspondendo às suas expectativas - frustrações que são na verdade castigos por o terem decepcionado. Elogiam, prometem, e depois desaparecem ou dizem ter voltado a uma antiga relação. Suas vítimas sofrem, ficam inseguras e, às vezes, entram até em depressão.É comum que mulheres com baixa autoestima sintam esse efeito mais do que as outras, mais confiantes em si. Desde o início, mulheres que se desvalorizam privilegiem homens narcisistas, que elas verão como mais importantes que elas,e dos quais desejam atender todos os desejos para se fazerem amadas. Como se dissessem: “eu serei quem quiseres que eu seja para ter o privilégio de ter-te a meu lado.


No exemplo acima, está introduzida a noção de baixa autoestima, por meio do pensamento da mulher em relação a si mesma e ao parceiro: “Eu me dobro perante ti porque vales mais do que eu, que nada valho, a não ser que me digas o contrário.” Todas as pessoas que tiveram amor e que sentiram segurança nos primeiros anos de vida, que foram respeitadas e que perceberam que eram admiradas por alguma coisa nelas, ou feita por elas, tendem a ter autoestima e a se sentirem capazes de despertar amor e de amar. Não estão livres, no decorrer da vida, de viverem momentos difíceis, todavia terão sempre a tendência ao otimismo e coragem de lutar pelo que desejam.


O relacionamento amoroso se evidencia por meio de um vínculo que requer sempre dos parceiros a consciência do próprio valor (autoestima) e, por conseqüência, a consciência do direito de serem amados, e a capacidade de serem generosos. No mito de Narciso pode-se observar que tanto Eco quanto Narciso são castigados. A graciosa Eco, sem autoestima, se humilha diante do orgulhoso jovem, seguindo-o, sem ser desejada. Ela definha, seca. Narciso, por sua soberba e frivolidade, igualmente, definha e morre. Seu corpo não é encontrado. Os dois são punidos com a morte em plena juventude, sem atingir o ideal de vivenciar a reciprocidade no amor. Thaïs Sá P. Oliveira


Nota: Na Psicanálise, o conceito de narcisismo é fundamental e complexo, sendo indispensável à compreensão de vários aspetos da teoria psicanalítica, embora haja, na interpretação do mesmo, divergências da parte de importantes teóricos da psicanálise. Aqui o mito descrito foi inspirado na interpretação do poeta Ovídio, (43 AC) autor de Metamorfoses e A Arte de Amar.


10 de julho de 2010

AUTO-ESTIMA X AUTO-CONFIANÇA da ARROGÂNCIA

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 Por Layr Malta



“SENHORES PASSAGEIROS COLOQUEM A POLTRONA NA VERTICAL E APERTEM OS CINTOS, PORQUE VAMOS PASSAR POR ZONA DE TURBULÊNCIA”.


Esta turbulência vem acometendo a grande maioria daqueles que detém cargos de chefia e desconhece na maior parte do tempo os CONCEITOS DE LIDERANÇA. É verdade que a pessoa que mais carece de reconhecimento, elogios, é o chefe, mas como manter este estado de engrandecimento o tempo todo e ter satisfação no que fazemos se na difícil arte da convivência estes detentores do poder nos desconfortam com suas cruéis críticas?

Nos auto-valorizar, nos amar, ter cuidados necessários com nossa pessoa faz parte da AUTO ESTIMA e ninguém pode dar o que não tem. Como poderíamos convencer alguém de algum conceito de sucesso se nos desprezamos com palavras, atitudes, cuidados na aparência, etc.?


http://3.bp.blogspot.com/_MaAg7Y5GVPw/Rn_C0k5bOJI/AAAAAAAAAGM/EtNVL6ZtaZY/s400/arrogance.jpgPrecisamos de alguns cuidados quando investimos nos conceitos de AUTO-ESTIMA, tendo a consciência que a linha que divide esta importante percepção, do NARCISISMO, é imperceptível. Da mesma forma que identificar a linha que divide a AUTO-CONFIANÇA da ARROGÂNCIA fica muito difícil.


A turbulência vem da dificuldade de relacionamento que o executivo adquire ao exacerbar o que chama de AUTO-ESTIMA e não percebe que o exagero o extremou levando-o ao NARCISISMO que pode ser patológico , nascendo daí uma rejeição ao seu comportamento, que o destrói.


“Segundo pesquisas recentes, indivíduos com auto-estima elevada tendem a apresentar relações afetivas inadequadas. São pessoas egoístas, manipuladoras, com desejo de poder. Apesar de parecerem atraentes inicialmente, procuram na verdade uma relação de dominação em vez prazer. São indivíduos que até podem ser atraentes, mas você só nota os aspectos negativos de sua personalidade posteriormente. Parece impossível que sejam capazes de TRAIR uma relação, mas eles podem agir dessa forma” Carreira & Sucesso –


O Journal of Personality and Social Psychology, num trabalho publicado em agosto/2002, sobre indivíduos com inclinação narcisista, revelou que são pessoas com aversão à dependência do parceiro, mostrando-se INESCRUPULOSOS E MENTIROSOS procurando manter uma relação de poder e autonomia.


Estatísticas mostram que grande maioria dos excutivos dispensados de grandes corporações, são pessoas com alto grau de conhecimento mas não são esclarecidos que o motivo maior da dispensa está na sua dificuldade de relacionamento. Saem em busca de outra colocação sempre agregando alguma coisa nova ao rico CURRICULUM, e inflando o seu ego cada vez mais, reforçando o seu NARCISISMO.


Pessoas que assim comportam apresentam algumas características que chamam a atenção;


1. Detém sentimentos de grandiosidade, ou de auto importância, usam sempre a primeira pessoa do singular e geralmente no exagero de seus feitos, nem sempre verdadeiros.
2. Tem obsessão por fantasias de sucesso ilimitado; buscam fama, poder ou onipotência.
3. Se consideram ÚNICOS, ESPECIAIS; Precisam estar sempre junto de pessoas de status social elevado.
4. Precisam de admiração excessiva; buscam adulação, atenção e afirmação. Não obtendo isso buscam causar medo e assim serem notados.
5. Sentem-se especialmente designados; Não aceitam discordância, vivem na expectativa de que merecem tratamento especial e que tem sempre prioridade.
6. São exploradores em suas relações; Usam os demais para alcançarem seus objetivos nas relações interpessoais.
7. Sofrem de completa falta de empatia; São incapazes de se identificar com as pessoas à sua volta, porque não se importam com o que eles sentem.
8. São invejosos; Acreditam que os outros tem o mesmo sentimento em relação a eles. Desconfiam de tudo.
9. São arrogantes. Orgulhosos e tem atitudes raivosas quando são frustrados, contrariados ou confrontados.







Layr Malta, sócio da Leader Training, é graduado em Ciências Contábeis, com 15 anos de experiência no sistema bancário.Tem formação em Programação Neuro-linguística.


Fonte:  http://www.planetanews.com/news/2004/10257

Quando gostamos demais de nós próprios.





Amar-nos a nós próprios é imprescindível! Porém, é necessário termos limites para esse amor, porque gostarmos demais de nós pode ter os seus sérios inconvenientes.
Como tudo na vida o amor também deve ter os seus limites. Seja o amor pelos outros, animais, trabalho, ou pelo que quer que seja, necessita de regras específicas. O amor que se tem pelo nosso corpo, rosto, figura, personalidade, necessita também de uma medida certa senão acabaremos por cair naquilo que se designou por Narcisismo.
E quem era Narciso? Narciso era um jovem que gostava tanto de si que se acabou por se apaixonar pela sua pessoa. A paixão por ele mesmo era de tal ordem que levou Narciso a provocar a sua própria morte, atirando-se ao rio onde estava reflectida a sua imagem. Não é que hoje em dia as coisas se passem como neste episódio da mitologia grega, mas há de facto pessoas demasiadamente apaixonadas por si e que vivem num mundo à parte.
O fundamental é saber encontrar a medida certa de amor por si mesmo. As pessoas que não gostam do seu corpo, da sua personalidade ou daquilo que vêm reflectido no espelho têm enormes problemas de auto estima, mas aquelas que exageram neste sentimento acabam também por não ter uma vivência saudável. A auto estima é tão elevada que as pessoas ficam com uma falsa percepção da realidade, construindo um mundo que é habitado apenas por elas mesmas.
Neste domínio é comum falar-se de pessoas egocêntricas. Demasiadamente centradas em si próprias, muito dificilmente conseguem ouvir a opinião de quem quer que seja, tentando sempre assumir um papel de liderança e de domínio em relação a tudo o que está ao seu redor. Na realidade, uma conversa com um narcisista não existe! Só ele tem o direito à palavra, à verdade e à razão. É muito dado a detalhes quando comunica com os outros, ou melhor, quando cria um monólogo protagonizado por si, por forma a tentar conseguir que todos os outros se deixem levar pela suas palavras e, assim, afirmar-se de maneira imperial.
Há em qualquer narcisista o desejo de ser o destaque do acontecimento ou do momento, o embrião de uma qualquer situação por mais insignificante que seja. Ainda que não sejam mentirosos, têm uma grande necessidade de contar muitos detalhes que em nada alteram o rumo da história. Esta postura serve apenas como táctica para se afirmar ainda mais perante os seus ouvintes. Aparenta ter uma vida estável, sem qualquer problema, sempre feliz e bem disposto, pois o narcisista nunca se mostra vitima do que quer que seja. A sua vida é, apenas segundo as suas convicções, o sonho de qualquer um!
Todavia, e ainda que aparente possuir uma vida perfeita, o narcisista vive com uma grande solidão e amargura dentro dele. A vida fictícia que criou para os outros julgarem que ele é o melhor, faz com que a pessoa egocêntrica tenha uma grande necessidade de se refugir e fechar em si mesma pois ‘sabe’, no seu inconsciente, que tudo aquilo não é tão verdadeiro assim. O final desta postura de vida, caso se continue com esta atitude, é o caminho escuro e sombrio da solidão.
O narcisismo, segundo os psicólogos, pode ter as suas raízes na infância. Um dos motivos apontados tem a ver com o facto da criança nunca ter sido verdadeiramente apoiada, incentivada ou acarinhada quando era pequena, o que originou a criação de um mundo particular, muito seu, no qual ela sempre foi o principal e único destaque. Mas, outras das causas apontadas, tem a ver exactamente com a situação oposta: os pais mimaram tanto a pessoa quando ela era nova, fazendo-a sentir sempre a mais forte e a melhor, que há agora uma grande dificuldade em quebrar esse mundo. À medida que crescem, as crianças, em qualquer destes dois casos, têm uma tendência para ir aumentando esse mundo utópico de intensidade ilusória.
O narcisismo é um dos problemas que afecta muitas pessoas, homens ou mulheres, e a maioria das vezes a pessoa egocêntrica não se apercebe que o é. Julga que ser melhor que os outros é algo perfeitamente natural. Mantendo uma relação muito difícil com o mundo, dificilmente conseguem ter amigos muito chegados e que durem para toda a vida, devido à sua incapacidade para escutar e conseguir penetrar no verdadeiro mundo dos mortais. Por isso, a solidão costuma ser uma das muitas experiências dos narcisistas. Os problemas depressivos, a falta de carinho e de interligação com o mundo fazem com que os narcisistas se isolem cada vez mais. A droga ou o álcool podem vir a ser um dos seus fiéis companheiros.
Uma terapia é a melhor solução para estas pessoas. Embora a cura leve algum tempo, pois não é de um dia para o outro que a pessoa abandona o seu mundo de ilusão, há fortes esperanças que o narcisista possa vir a ter uma vida normal. Para isso, é preciso que o especialista vá ao ventre do problema que afecta a pessoa para que, em seguida, se caminhe na reconstituição do paciente.
Só assim encontrar-se-á uma pessoa comum às outras com momentos de alegria e tristeza, como qualquer ser humano!


Fonte: http://www.mulherportuguesa.com/amor/artigos/1216

Narciso acha feio o que não é espelho.





“Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto/ Chamei de mau gosto o que vi de mau gosto, mau gosto...”




Por Letícia Capriotti




*A mitologia nos conta a história de Narciso, belo jovem pelo qual muitos se apaixonam, mas que rejeita qualquer relacionamento. O jovem que um dia se depara com a própria imagem refletida no lago e por ela se apaixona. Uma história de amores impossíveis, de imagens que enganam e sobretudo uma história que fala de auto-conhecimento e transformação. Sim, e a transformação é muito importante, pois não podemos esquecer que essa história aparece no livro “As Metamorfoses” de Ovídio que relata, entre outras tantas metamorfoses da mitologia também a de Narciso. Vamos olhar mais de perto alguns aspectos desse mito e o que ele pode nos dizer a respeito da natureza humana.


Penso que nessa história há dois narcisos diferentes: aquele que é o jovem do início do mito e aquele que é flor, aquele que passou pela metamorfose. Comecemos falando do primeiro.


Ovídio nos conta em “As Metamorfoses” que Narciso era um jovem de beleza sem igual, cujo rosto é comparado a uma estátua de mármore de Paros. Conta também que muitos jovens e muitas jovens o desejavam, “mas tanta – tão rude soberba acompanhava suas formas delicadas – nenhum jovem, nenhuma jovem o tocara”. Narciso rejeita e repele com especial rudeza a ninfa Eco, que por ele perdidamente se apaixonara.


Paremos a história aqui e observemos algumas características desse jovem Narciso: ele é alguém que basta-se a si mesmo, rejeitando “com rude soberba” qualquer contato amoroso com o outro. Junito Brandão nos lembra que Narciso foi descrito como “extremamente belo, mas orgulhoso para com Eros e em relação àqueles que o amavam”. De tão centrado em si, Narciso rejeita o envolvimento erótico com o outro, e isso é uma violência contra Eros.


Temos a imagem de um jovem duro e impenetrável – assim é o Narciso do início da história. Essa imagem da dureza, da impenetrabilidade é reforçada pela comparação de sua beleza com uma estátua de mármore. Para esse Narciso não há o outro, há apenas ele próprio.
O DSM IV descreve aqueles que sofrem do Transtorno de Personalidade Narcisista como tendo “um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia”. Entre outras coisas, como atitudes arrogantes e insolentes, cita também como características da personalidade narcisista uma crença de ser “especial” e único, possuindo expectativas irracionais de receber um tratamento especialmente favorável ou obediência automática às suas expectativas, além de serem insensíveis, superficiais e não-empáticos. Essa última característica me chama atenção. A ausência de empatia, a relutância em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades alheias. Como acabei de dizer sobre Narciso: de tão centrado em si, rejeita o envolvimento com o outro. As patologias descritas nos manuais de psiquiatria sempre existem em maior ou menor grau em todos nós, então vale a reflexão: Quantas vezes não fazemos isso em nossas vidas? De tão centrados que estamos em nós mesmos, em nossos problemas e alegrias, temos dificuldade em perceber sentimentos e necessidades alheias. Queremos (ou até acreditamos) que o mundo gire ao redor de nossos umbigos. E isso se dá tanto no plano individual quanto no coletivo. Como é fácil, centrados em nossas crenças, acusarmos o outro (de outra religião, de outra crença, de outros povos) de coisas que não nos damos conta de fazer também...
Voltando ao mito, é justamente a dificuldade que Narciso tem com a alteridade, a dificuldade em se relacionar e se colocar no lugar do outro que desperta a raiva de todos à sua volta e que culmina com a maldição de Nêmesis: “que ele ame e não possa possuir o objeto amado”. Realmente, quem (tendo um dia se relacionado com um narcisista) nunca se sentiu tão rejeitado, tão incompreendido por alguém que desejou: “tomara que um dia você possa sentir o mesmo que estou sentindo”. – uma maldição que pode ser uma bênção, pois pode propiciar a metamorfose.
E aí então Narciso se depara com a própria imagem refletida no lago e se apaixona. É interessante esse trecho da narrativa de Ovídio, pois existem dois momentos distintos: num primeiro momento, Narciso não percebe que é sua própria imagem que vê (como quando passamos distraídos por nossa imagem refletida num espelho e nos assustamos, achando que tem alguém ali) e depois ele se dá conta, ele percebe que está vendo a si mesmo.
Esse para mim é o momento crucial da história. É o momento em que aquilo que Tirésias havia previsto se realiza. Tirésias fora consultado por Liríope (mãe de Narciso) com a seguinte pergunta: Narciso viveria muitos anos? A resposta foi: Se não se conhecer... Se não se vir...
Quando vê aquele belo jovem diante de si, Narciso não reconhece ser sua própria imagem – claro, pois não se conhece! É no momento de insight em que percebe tratar-se de si próprio que o que Tirésias havia previsto se concretiza: depois daquilo, ele já não pode mais ser o Narciso que era. Antes podia ser um jovem frio, insensível e distante. Depois dali ele precisa mudar... A transformação... A metamorfose.
Muitos dizem que Narcisismo é excesso de amor próprio, excesso de auto-estima. Penso que é justamente o contrário. O narcisismo é a condição na qual uma pessoa não se ama (daí a diferença entre auto-estima adequada e narcisismo – esse último é uma defesa). O DSM IV acrescenta que pessoas portadoras do distúrbio de personalidade narcisista possuem uma “auto-estima muito frágil” e têm “medo de que sejam reveladas suas falhas ou imperfeições”. Essa condição leva Moore a dizer que “o narcisismo é sinal de que a alma não está sendo suficientemente amada”. Esse fracasso amoroso surge como seu oposto porque a pessoa procura arduamente encontrar a auto-aceitação - buscando espelhos. Então, puramente por defesa, encontramos pessoas (como nos conta Moore) que possuem a dureza como uma qualidade básica, encontramos uma auto-absorção desprovida de alma e amor, uma rigidez e um auto-fascínio. Nathan Schwartz-Salant lista algumas características do paciente narcisista em análise:

- Carece de penetrabilidade
- Rejeita interpretação
- Não pode tolerar críticas

- Não pode integrar a abordagem sintética
- Baixa capacidade empática
- Orgulho de não ter necessidades
- Carece de sentido da história e seus processos
- Funcionamento masculino e feminino perturbado
- Potencial para formação de constelações arquetípicas positiva
Voltando ao mito, é interessante notar que é à beira da lagoa que Narciso pela primeira vez reflete e descobre algo sobre si mesmo. É na água, nesse elemento de sua herança natal (já que ele é filho de uma ninfa com um rio) que aquele Narciso duro e impenetrável pode recuperar sua umidade natural e sua fria auto-absorção se transforma em amável diálogo com o mundo. E então ele torna-se flexível, belo, enraizado – transforma-se em flor.
A pessoa narcisista se detém numa só visão a seu próprio respeito (rasa, da superfície) e as outras possibilidades são rejeitadas. Medo, insegurança fazem-no agarrar-se a traços rígidos e a “achar feio tudo o que não é espelho”. Quando descobre a “outra” face na lagoa, desprende-se de si. Moore nos fala do narcisismo como uma oportunidade de a alma encontrar seus outros aspectos.
A pessoa narcisista simplesmente não sabe como é profunda e interessante sua natureza. “Não se conhece”. A pessoa narcisista se esforça muito para ser amada, mas nada consegue, porque não percebeu que precisa amar a si mesma como “outro” antes de poder ser amada.
Schartz-Salant diz que, na análise, “se o estágio do ‘fique calado e escute’ for negociado com sucesso, a reação de contra-transferência ao fato de o analista ser controlado também pode transformar-se. O analista pode passar a sentir uma maior empatia pelo analisando e mais facilidade para penetrar-lhe as camadas profundas. Ainda há um controle, mas agora ele pode ser sentido como um apelo: “fique comigo!” E esse apelo pode ser experimentado como um pedido para que o analista fique com meu íntimo, com meu valor. Essa mudança na qualidade de controle é impressionante. De alguém que era experimentado como uma pessoa enfadonha e superficial, emerge uma pessoa que conhece o significado do termo espírito”
Pois o que o narcisista não entende é que a auto-aceitação que busca não pode ser forçada ou forjada. Narciso só fica pronto para se amar quando aprende a amar aquele eu como objeto. Narciso só pode se transformar verdadeiramente quando transforma o “espelho” em “janela”; quando sai da auto-centração e consegue enxergar o outro – algo que pode ser propiciado pela relação analítica. Essa transformação fica poeticamente ilustrada na música “Sampa” de Caetano Veloso. Nessa música ele relata como era auto-centrado e não conseguia ver a beleza no outro que não o espelhasse (“Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto/ Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto”) e humildemente acrescenta: “é que Narciso acha feio o que não é espelho”, mostrando assim já ter se flexibilizado frente à cidade de São Paulo e poder assim enxergar a beleza mesmo que ela não seja um espelho.
LINDA FLOR NARCISA
"Seu egoísmo provocou o castigo dos deuses: um dia, ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até morrer e em seu lugar surgiu a flor conhecida pelo seu nome."
** Podemos concluir que vivemos hoje na Era de Narciso.


Comentário por Jota Ninos
Desde a década de 1980, o culto ao corpo da chamada Geração Saúde e a programação televisiva enfatizando cada vez mais a necessidade de esculpir uma beleza estética em detrimento de uma harmonia entre corpo e mente contribuiu com a construção desse imaginário. A ditadura da beleza de Xuxas e morenas e loiras do Tchan, esculpiu ainda mais, desde a infância, a necessidade por um padrão estético que nos diferencie dos demais. Uma diferença construída a partir de um modelo único. Acaba-se aderindo à modas e perde-se a individualidade.


Academias abarrotadas, disputas nas vitrines pelas roupas da moda e está implantada a ditadura visual. A juventude já não se preocupa com o intelecto. Basta que as “minas” sejam gatas e os “manos” sejam “sarados”.


O Narcisismo toma conta do dia-a-dia e programas como os Big Brothers da vida, só ajudam a insuflar a necessidade do espelho. A tecnologia das câmeras digitais e dos flogs na internet, contribuem ainda mais na popularização desse culto à imagem.


Um celular na mão e nenhuma idéia na cabeça. Essa é imagem contra-parafraseada à versão glauberiana. Hoje basta um aparelhinho destes para que estejamos sempre batendo fotos, de preferência de nós mesmos. É só fazer um passeio em qualquer lugar público e constatar de que 11 em 10 grupos de jovens não vivem sem isso.


Tudo isso de que falo pode parecer apenas a frustração de um ogro, cuja imagem nem cabe numa telinha... Na verdade, convivi com uma geração que não se preocupava tanto com a estética da imagem, e sim com a estética das palavras. Para isso, bastando ler. Qualquer coisa, de bula de remédio a dicionário do Aurélio.


Há quem diga que uma imagem vale mais que mil palavras. Depende muito do que se quer dizer com a imagem. Se ela está no contexto de um texto sim. Mas a imagem pela imagem é um desperdício.


Essa ditadura estética da vaidade acaba abalando até mesmo quem deveria conviver harmonicamente com os efeitos da natureza. Envelhecer virou sinônimo de morrer em vida. Daí, a beleza e a jovialidade passa a ser medida pela quantidade de silicone, ou para quem não tem dinheiro, pela quantidade de enchimentos em roupas!


Nas lojas, as “desbundadas” podem encontrar inclusive enchimentos para os glúteos! Estão nos roubando até a possibilidade de adorar uma beleza natural, já que às vezes podemos estar admirando um belo par de silicones ou um enchimento de nylon.


Entretanto, o que há de mais no corpo, às vezes tem de menos na cabeça.


Daí a existência de playboys com seus carrões envenenados, com aparelhagens a mil decibéis infernizando nossos ouvidos. Pobres meninos, que provavelmente são pouco desprovidos de tutano e músculo peniano, precisando compensar com suas aparelhagens. A sociedade tolera o abuso, mas de vez em quando a Justiça freia os ânimos narcísicos que invadem o direito dos outros.








Bibliografia
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. Ed. Vozes. Petrópolis, RJ: 1999
OVÍDIO. Metamorfoses. Ed. Madras. São Paulo, SP: 2003
SWARTZ-SALANT, Nathan. Narcisismo e transformação do caráter. Ed. Cultrix. São Paulo, SP: 1982
**Comentário belo!! ( não poderia deixar de publicar)


Copiado do Blog


http://jotaninos.blogspot.com/2007/08/narciso-acha-feio-o-que-no-espelho.html




OBS:A gravura do jovem rapaz é uma reprodução da obra de Caravaggio.

A história de Narciso


http://web.tiscali.it/mitologia/Narciso.jpg





O deus-rio Céfiso (ou Cephissus) à muito que adorava a beleza da adorável ninfa Leiriope. E, sendo ele um deus, conseguiu concretizar o seu desejo e Leiriope engravidou. Quando a criança nasceu, Leiriope viu um rapaz excepcionalmente belo e curiosa pelo futuro do seu filho, perguntou ao profeta cego Teiresias sobre o seu destino. "Ele viverá uma longa vida" disse o homem sábio "mas jamais ele deverá ver o seu reflexo, ou então será o seu fim". Leiriope certificou-se de que todos os espelhos eram guardados cuidadosamente, e Narciso cresceu saudável e forte, e mais bonito do que qualquer outro rapaz na terra. Era tão usual as pessoas elogiarem a beleza de Narciso que ele começou a pensar que deveria ser alguém muito especial.
 
 
Aos seus dezasseis anos, todos os homens e todas as mulheres na cidade o desejavam. No entanto, Narciso sentia que nenhum deles seria bom o suficiente para ele. Um dia o seu vizinho Ameinias, não conseguiu suportar mais e contou a Narciso o quanto o desejava e pediu-lhe para ser o seu amante. Narciso manteve o silêncio, limitando-se a mandar um servo entregar-lhe um punhal como resposta. Ameinias percebeu o significado da "oferta" e com esse punhal tirou a sua vida, evocando a ira dos deuses sobre Narciso, e amaldiçoando-o para sempre encontrar no amor o mesmo desprezo que ele tinha para com os outros.

Eco (ou Echo) era uma ninfa da montanha que havia uma vez servido Zeus, distraindo Hera com conversas sem sentido, enquanto Zeus se encontrava com Thunderer. Quando Hera descobriu o ardiloso esquema da ninfa, ela entrou em fúria: "Doravante, essa língua demoníaca em silêncio estará! Excepto quando se dirigirem a ti, não deverás falar nada a não ser ruídos breves".
 
 
Quando numa manhã Eco se cruzou com Narciso que estava a caçar veados, ela só podia olhar e não falar. E olhar foi o que ela fez. Mesmo entre os deuses imortais, ela nunca viu ninguém como ele. Um desejo ardente percorria as suas veias. Como ela desejava seduzir o belo rapaz com palavras melosas! Mas moveu os lábios em vão.
 
 
Narciso pressentiu que estava a ser vigiado.
 
- "Quem está aí?" ele perguntou
 
- "Aí" respondeu Echo, que apenas conseguia repetir o que lhe era dito
 
- "Deixa-me ver-te" disse o rapaz
 
- "Ver-te" disse a Eco
 
 
Momentaneamente intrigado, Narciso perguntou "Como te chamas?"
 
- "Te chamas", respondeu a ninfa. Então, incapaz de conter o ardor do seu desejo, saiu do seu esconderijo e atirou-se, quente e ofegante, para cima do jovem mais bonito que alguma vez vira, abraçando-o. Não acostumado com tal comportamento, Narciso rapidamente soltou-se do abraço e fugiu para o interior da floresta, deixando para trás as suas redes.
 
 
Eco segue-o, tentando chamá-lo para acalmar o seu receio, desarmá-lo, mas sons não saíram. Ela perde-o de vista. Durante semanas a ninfa vagueou pela floresta em busca do seu amado, dormindo pouco, comendo nada. Ela tornou-se tão magra em tão pouco tempo que não havia mais nada dela que um olho pudesse discernir.
 
 
Vagueou também em montanhas por todo o mundo, ainda à procura de Narciso. Os vales rochosos e profundos eram a sua casa. Se alguém lhe dirigir a palavra, estando ela em casa, ela responderá mas apenas depois de falaram com ela primeiro.
 
 
Numa tarde, cerca de um mês após ter escapado da Eco, num bosque isolado no topo do monte Helicon, Narciso caiu de joelhos, exausto de caçar e ser caçado. Em frente a ele estava um profundo e límpido lago, a superfície vítrea aprisiona os feixes de luz que atravessam as árvores, tornando-se num espelho perfeito.
 
 
Narciso terá visto tantas vezes a sua sombra mas nunca o seu reflexo. Assim, quando ele se inclinou para a frente de joelhos e com apoio nas mãos e olhou para dentro do lago, ele foi surpreendido com a imagem de uma beleza inigualável olhando para ele. Nenhum rosto que ele haveria visto se comparava com aquele que estaria agora a ver. Pela primeira vez em toda a sua vida, ele apaixonou-se.
 
 
Ele desce o seu rosto para beijar o seu reflexo e de forma a abraçá-lo. Os seus lábios e braços encontraram apenas água. Embora ele rapidamente tenha retirado os braços da água, o seu reflexo foi distorcido pelas ondas na água. Pensando que o seu amor havia fugido dele, como ele próprio costumava fazer, Narciso começou a chorar. Porém, a ondulação parou e o rosto bonito apareceu novamente. "Não me abandones, ó amigo bonito", confessou ele. "Fica, meu amor".
 
 
Narciso inclina-se para lhe tocar, mas a imagem é desfocada novamente quando a sua mão toca na superfície. Com a certeza de que o seu verdadeiro amor estava perdido para sempre, ele arranca o seu cabelo, arranha-se e engole lentamente as suas unhas. Quando ele parou, as águas acalmaram e o reflexo voltou, agora golpeado e despenteado. A visão doía-lhe e ele chorou.
 
 
A carroça de Hélio acaba a sua jornada pelo céu, a noite cinzenta invade a floresta, mas Narciso não se move. Nada lhe interessava a não ser a juventude indescritível que havia visto no lago. A primeira luz do alvorecer encontrou-o a olhar fixamente para as águas limpas e profundas. O rosto que lentamente apareceu era abatido e perturbado. Ele estendeu a mão para dentro da água para acariciar a bochecha do seu mais-que-tudo, e as suas frustrações do dia anterior foram renovadas.

"Eu amo-te! Eu amo-te!" gritava ele centenas de vezes. O rosto reflectido, tal como o da Eco, movia os lábios sem fazer nenhum som. Relutante, incapaz de sair da margem do lago, Narciso com o tempo morreu lá, o seu rosto outrora belo agora estaria confuso e grotesco.
 

As ninfas da montanha encontraram-no e o teriam enterrado, mas como elas se estavam a preparar para o funeral, o corpo desapareceu, e lá ficou uma flor dourada com pétalas tingidas de branco.
 
 
 http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mitologia-grega/narciso.php